quinta-feira, 31 de julho de 2008

Ederlezi


Esta Música é uma homenagem ao dia da chegada da primavera, onde o fim do inverno é o início de uma nova etapa. Coincide também com o Dia de São Jorge, de quem os ciganos Balcãs são devotos.Um dia para ser comemorado, para cantar para dançar e como de costume sacrificar e assar um carneiro. Esta versão foi idealizada por Goran Bregovic músico e compositor e foi adaptada no filme Tempo dos Ciganos de Emir Kusturica.


Segue Video e letra em Romani





Sa me amala oro kelena
Oro kelena, dive kerena
Sa o Roma daje
Sa o Roma babo babo
Sa o Roma o daje
Sa o Roma babo babo
Ederlezi, Ederlezi
Sa o Roma daje
Sa o Roma babo, e bakren chinen
A me chorro, dural vesava
Amaro daje, amaro dive
Amaro dive, Ederlezi
Ediwado babo, amenge bakro
Sa o Roma babo, e bakren chinen
Sa o Roma babo babo
Sa o Roma o daje
Sa o Roma babo babo
Ederlezi, Ederlezi
Sa o Roma daje

by Goran
Bregovic

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Acampamento cigano muda visual do Jardim América

Jacqueline Lopes
Bruno Arce


O acampamento da família cigana “Rorananoa”, do Paraná, chama a atenção de quem passa pela Rua Pacífico Lopes Figueira, no Jardim América, em frente ao Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande. As barracas grandes, na área em frente ao Comando do Corpo de Bombeiros, e a presença de veículos e crianças tornaram o ambiente semelhante a um camping.

Outro grupo de ciganos também está na Praça Ary Coelho, região central da Capital.

No Jardim América, são seis adultos e seis crianças com costumes e dialetos típicos. Não é possível entender o que é dito. O português tem um leve sotaque de quem nasceu no Paraná, de onde os Rorananoa são.

O líder do grupo, Cristiano Stevano Vit, de 21 anos, disse que há três anos a família escolhe aquele lugar para se instalar quando vem à Capital. “Somos mascates, vendemos enxovais nos bairros, nas casas”, diz.

Na entrada do acampamento, dois veículos Fiat Strada, com carroceria, e toda infra-estrutura de camping – fogão, tapetes, cadeiras e sofás – demonstram que ali a falta de paradeiro nada tem a ver com pobreza.

“A gente trabalha. Meu tataravô já era cigano. Não tem jeito de nascer e querer outra vida porque está no nosso sangue”, diz Vit com o filho de 8 meses ao colo.

Sorte

A leitura das mãos, que para muitos não passa de golpe, truque para conseguir dinheiro fácil, é segundo a cigana Daniela Stevano, de 21 anos, mulher de Vit, outra tradição.

O que é dito, tem que guardar segredo, diz. Só as mulheres ciganas têm o dom.

Vit explica que a sua família se concentra na região do Paraná, mas há centenas de outras que percorrem o Brasil e são conhecidas em diferentes estados.

O mistério em torno da vida e tradição tem a ver com os preconceitos e medos.

Nas cidades pequenas até ameaças da polícia o grupo já sofreu. “Falam que somos ladrões. Tem muito brasileiro ladrão por ai. A gente trabalha e muito. A gente tem que conversar e explicar quem somos ai nos respeitam”, relata Vit.

As crianças, segundo ele, são criadas junto aos pais e aprendem ler e escrever com eles. Por algum tempo eles ficam num único lugar para que os filhos possam estudar, mas logo colocam o pé na estrada. Os Rorananoa conhecem todo o Brasil e já estiveram no Uruguai, Bolívia e Paraguai.

Vit relata que uma vez, em Campo Grande, moradores de rua pediram para ficar junto ao grupo. “Com papelão, eles arrumaram uma cama para eles e dormiram com a gente”, lembra.

Para uma das mulheres que lavava a louça enquanto o casal dava entrevista, a vida sem paradeiro é cansativa. “Estou cansada disso. Me criei assim, mas não quero mais isso pra mim”, desabafa baixinho ela, de 40 anos.

Liderança

Como o chefe do grupo foi buscar mais enxovais em Ibitiganga (SP), Vit não autorizou que registro fotográfico ocorresse dentro da área. “Somos que nem índio, sem o cacique, a gente não pode tomar decisões”.

O motorista Vilne Santana, de 53 anos, que trabalha no Parque Laucídio Coelho no transporte de gado, considera a presença do grupo animadora para a região. “Eles são bacanas”, diz.

Cidadania

Em 2006, o repórter Alceu Luís Castilho, do site www.reportersocial.com.br, publicou matéria sobre os maus tratos sofridos pelos ciganos no país.

Em Aracaju, ciganos vivem em um antigo galinheiro, segundo a reportagem. Em Goiás, diversas prefeituras proíbem os nômades de erguer suas barracas. Em todo o Brasil, membros da etnia Calon, a mais pobre, vivem em condições precárias de saneamento e saúde.

Pela tradição de invisibilidade, boa parte se recusa a tirar carteira de identidade ou receber técnicos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). Em meio à discriminação de séculos de história, lideranças ciganas de vários Estados brasileiros estão se articulando para levar finalmente cidadania a seu povo. No caso dos Rorananoa, Vit conta que eles pagam impostos para que na velhice possam aposentar.

O relato de ciganos vivendo em um galinheiro foi feito pelo antropólogo Frans Moonen, professor aposentado da UFPB (Universidade Federal da Paraíba). As famílias que vivem em acampamentos não possuem informações sobre controle de natalidade e uso de contraceptivos – descreve a paulista Lara Orlow, Calon de Guarulhos que freqüenta acampamentos pobres em Franco da Rocha. - Geram muitos filhos, e na maioria dos casos, entregam as crianças ainda recém-nascidas a outros ciganos com melhores condições de vida ou ainda os dão por adoção a gadjes (não ciganos), perdendo suas raízes, costumes e histórico cultural.

Consta ainda na reportagem que os ciganos têm agrupamentos significativos em municípios como Campinas (calcula-se que haja 400 famílias), Curitiba, Aracaju e Nova Iguaçu, entre outros. Apesar da diferença, ou mesmo rivalidade entre etnias como Rom (subdividida por sua vez em vários grupos), Calon e Cindi, há convergência no culto à família e, hoje, um início de aproximação visando a conquista de direitos para todos.

História

Eles chegaram ao Brasil acorrentados, no século 19, segundo a Associação de Preservação da Cultura Cigana (Apreci). De acordo com a reportagem, os negros viviam em situação melhor, pois recebiam comida já os ciganos nos arredores, e quando entravam na cidade não podiam nem pisar na calçada.

Até hoje, muitas pessoas têm medo de ciganos e atravessam a calçada, nas grandes cidades do Brasil ou da Europa, quando aparece um cigano. Os estigmas de ladrões, vagabundos – “raptores de criancinhas” – fazem parte do desafio histórico dos cidadãos ciganos. Miguel de Cervantes foi quem, em um de seus contos, disse que ciganos eram raptores.

Não há uma estatística segura, pesquisas já apontaram que são 150 mil, e em outras ocasiões 300 mil, 600 mil e 800 mil ciganos no país. No governo de FHC (Fernando Henrique Cardoso) eles foram reconhecidos como povo de cultura e costumes próprios.

Materia Media Max Jornal Mato Grosso do Sul


terça-feira, 15 de julho de 2008

Rebecca Covaciu

Racismo


Tristemente a Europa revive ondas de perseguição racista na Espanha, na Itália, Alemanha... sintoma que ganha força com a ascensão ao poder de figuras de direita como Silvio Berluscone, aliado aos fascistas (em especial à Liga do Norte da Itália). Ciganos, africanos, emigrantes asiáticos, e outros “diferentes” são perseguidos em muitas cidades e capitais européias, reproduzindo-se noite e dias que acreditávamos que não se repetiriam.
Abaixo trecho de matéria especial publicada em El País.com, hoje, domingo, 13 de julho.

Nas fotos: Em destaque, Rebecca Covaciu; e com toda a sua família romaní.

“Querida Europa...”



A menina romena e cigana (romaní), Rebecca Covaciu, resiste a uma vida de perseguição e miséria. Uma viagem “de tristeza” desde Arad a Milão, Ávila, Nápoles e agora Potenza.


Aos 12 anos, Rebecca Covaciu – olhos grandes, dentes brancos, sorriso esplêndido – viveu e viu tantas coisas, que poderia escrever, se escrevesse, um bom livro de memórias. Rebecca é romena da etnia romaní (cigana), e passou a metade de sua vida nas ruas. Dormiu em um furgão, uma barraca, ao relento. Por alguns dias mendigou com seus pais pela Espanha e Itália. Em outros, viu destruírem sua barraca, foi agredida pela polícia italiana, ouviu encoberta por uma manta como seu pai era espancado por defendê-la, viu morrer crianças por não terem medicamentos, conheceu o medo dos ciganos que fugiram de Ponticelli (Nápoles) quando seu acampamento foi incendiado. Mas Rebecca resistiu. E provocou comoção na Itália com sua história em primeira pessoa. Uma carta em que resume seu sonho: ir ao colégio e que seus pais tenham trabalho.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Influencia Cigana na Cultura Portuguesa "O Fado"


O Fado e' um estilo musical portugues. Geralmente e' cantado por uma so' pessoa (fadista) e acompanhado por guitarra classica (nos meios fadistas denominada viola) e guitarra portuguesa.
Para Saber Mais sobreo o Fado http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado


Referências ciganas entre as influências do fado
As influências ciganas no fado e a sua chegada a Lisboa a partir «da região saloia» são alguns dos argumentos de teses defendidas hoje no primeiro painel do Congresso Internacional do Fado, em Lisboa


O antropólogo José Machado Pais, que abriu o primeiro painel da tarde, defendeu a existência de um conjunto de influências e referências musicais na constituição do fado, salientando as de etnia cigana.

Para este investigador, há «um silêncio dos ciganos na História de Portugal» e, por analogia, na do fado.

Curiosamente, uma das primeiras citações documentais relativas ao fado, enquanto dança e canto, liga-se à etnia cigana e surge no «Auto das Ciganas», de Gil Vicente, datado de 1521.

Esta é, segundo José Machado Pais, «a primeira fonte documental em que surge o fado ligado ao canto e à dança».

No texto vicentino lê-se: «Entram quatro ciganas dançando e cantando o fado em ciganês», disse o investigador, segundo o qual o auto foi representado em Évora.

O investigador Paulo Lima, por seu turno, afirmou que «recuar a 1830/1840 para falar de fado, é uma ilusão» e defendeu que «o fado chegou a Lisboa por terra e não por mar».

Lima desvaloriza deste modo as origens brasileiras e de além-mar da canção de Lisboa, sublinhando a importância das populações que viviam nas zonas à volta da capital, conhecidas como zona saloia.

«O fado vai-se construir dentro de um conjunto variado de influências fora das portas de Lisboa, e daí ter chegado por terra», afirmou.

Lima contextualizou os sinais do século XVIII, em Lisboa, após o terramoto, em que a capital «era um estaleiro a que aflui mão-de-obra da zona saloia (região Oeste)», explicou o investigador.

O especialista deixou ainda um alerta aos responsáveis pela candidatura do fado a património da Humanidade, que deverão tomar em atenção o papel do fado como canção operária e de contestação em finais do século XIX e princípios do século XX.

Lima citou o papel preponderante neste domínio dos fadistas João Black e José Harrington. O historiador Rui Ramos, biógrafo do Rei D. Carlos, referiu «a emergência do fado como canção nacional» no século XIX, integrada num movimento cultural que qualificou de «reaportuguesamento».

Se o fado surge como «canto nacional agregador« e, na tentativa de reforço de uma identidade nacional, para Rui Ramos, por seu turno, Paulo Lima salientou que, ao ser uma canção "contra o estado das coisas» e do operariado, «mais do que nacional, aspirava a ser universal».

Fonte Jornal Sol Portugal